Lily Reed
Dobro uma macacão lilás com cuidado. Parece tão pequeno, que nem imagino como um bebê pode caber ali dentro.
Mason, meu marido (ai, eu adoro falar isso!), e eu chegamos ontem da nossa mini Lua de Mel. Com o parto tão próximo, não quisemos viajar para longe, então apenas passamos alguns dias em um hotel à beira-mar aqui na Califórnia mesmo.
Assim que estacionamos em frente à casa das meninas, fomos recebidos com um chá de bebê surpresa. O que era para ser uma reunião, acabou virando uma festa.
No fim, Mason e eu fomos para a nossa casa por volta da meia noite e eu fiquei de voltar hoje para buscar os presentes. É por isso que eu estou cercada por dezenas de roupinhas novas para a Rose, além de uma boa soma de pacotes de fraldas.
Pego outro macacão e dou uma gargalhada ao ler a gravação: “Fã nº1 do tio Bry”. É claro que o maluco do Brycen faria alguma gracinha do tipo. Desde que anunciei a gravidez, ele vem reiterando que será o tio predileto.
— Quer ajuda? — ouço a voz rouca da Emma e olho por cima do ombro para constatar que ela está parada à porta.
— Se você não estiver ocupada…
— Não estou — murmura, se sentando ao meu lado.
Minha amiga anda mais calada do que de costume há algumas semanas, mas não é como se ela fosse do tipo que dá abertura para alguém perguntar sobre seus sentimentos.
Emma é educada, divertida, tem um coração de ouro, mas sempre mantém uma certa distância emocional dos demais, como se usasse o espaço como proteção pessoal.
Não sou a pessoa mais indicada para falar sobre qualquer tipo de fuga da realidade, já que eu estou longe de ser um livro aberto. Deus sabe quantas camadas Mason teve que remover para chegar ao meu coração, à raiz dos meus problemas e medos.
Ainda assim, não consigo evitar o ímpeto de perguntar o que está havendo.
— Emma?
— Você quer que eu separe os macacões das camisetinhas ou coloco tudo na mesma pilha? — pergunta, sem me encarar.
— Emma… — murmuro, segurando sua mão.
A garota, que é cinco anos mais nova do que eu, morde o lábio e fita nossas mãos como se sua vida dependesse de evitar o meu olhar.
— Só quero que você saiba que pode contar comigo, seja o que for.
Seus lábios tremem e ela começa a chorar, me deixando em completo estado de choque. Não imaginei que Emma estivesse tão sensível assim, então apenas a abraço e começo a tentar consolá-la.
— E-eu… preciso de um favor.
— Qualquer coisa, querida.
— Será que você pode ir à farmácia para mim?
Fico de pé, preocupada com a possibilidade de que esteja doente, então, pouso uma das mãos na testa dela, checando se está febril.
— Você está com dor? Precisa de algum remédio?
— Não é isso.
Depois de alguns instantes, finalmente volta a me encarar.
— Preciso que você compre uma coisa para mim.
Seu olhar se mantém na altura da minha cintura e aos poucos a minha ficha vai caindo.
— Ai meu Deus…
— Por favor, Lily. Você é a única que não conhece o meu irmão. Digo, até conhece, mas só de vista, então não é amiga dele. Se eu pedir para alguma das outras meninas, elas terão que mentir para o Dylan e…
— Eu compro — murmuro, cortando a justificativa. — Mas você vai precisar se abrir comigo depois disso, tá bom?
A garota se levanta e anda direto até a porta, demonstrando que está com muita pressa . Olho para as roupas com uma leve frustração. Ia sugerir que fôssemos depois que eu guardasse tudo na mala que trouxe, mas imagino a ansiedade que ela está sentindo nesse momento.
— Certo, vamos lá.
— Eu dirijo. Só não quero sair do carro.
— Tudo bem, tudo bem.
***
O atendente da farmácia olha para as caixas nas minhas mãos e de novo para a minha barriga de quase nove meses de gestação.
— Senhora, eu acho que o teste é dispensável no seu caso…
— Vou levar mesmo assim — respondo, sem dar mais satisfações.
Quando volto ao carro, Emma está quase terminando de beber a garrafa de 2 litros de suco de laranja que compramos no caminho.
Sinto compaixão imediatamente, pois conheço bem a náusea que o excesso de líquidos pode causar, caso as suspeitas dela se confirmem.
— Emma, você não deveria ter tomado tudo…
Ela solta um som de engasgo e cobre a boca antes de mesmo que eu pudesse terminar a frase. Em um segundo, ela abre a porta do carro e vomita no estacionamento mesmo.
Olho para a sacola no meu colo, pensando que talvez esses testes não sejam realmente necessários, mas aposto que ela vai preferir fazer alguns só para confirmar as suspeitas.
Meu celular começa a tocar, me tirando do devaneio.
— Já está indo para casa, Meu Lírio? — Mason pergunta, assim que eu atendo.
— Não, amor. Tive que vir à farmácia…
— O que aconteceu? Você está se sentindo bem? Fica aí! Eu estou indo…
Emma faz outro som alto de engasgo e volta a vomitar após alguns segundos em silêncio.
— Isso foi…
— A Emma.
— Ah… — ele balbucia. — Mas está tudo bem, Meu Lírio?
— Hmmm… depende do ponto de vista — murmuro, imaginando que a notícia pode não ser tão bem recebida assim pelo irmão ciumento da jovem de apenas 18 anos. Principalmente se as minhas suspeitas sobre quem pode ser o pai se confirmarem.
— Lily… — Emma murmura.
— Preciso desligar. Te vejo em casa, amor.
— Te amo, Meu Lírio.
— Eu também, professor.
Pego uma garrafinha de água e um lenço de papel na minha sacola da farmácia.
— Aqui, querida. Bebe um pouquinho de água. Só um golinho, tá? — murmuro, fazendo carinho nas costas dela.
Isso é muito injusto, agora tô mais ansiosa ainda com o livro do Bry